Neta Auto estuda comprar fábrica da Toyota em Indaiatuba; início da produção está previsto para 2026

Marca chinesa vai investir em uma fábrica que já esteja pronta para começar a produzir no Brasil até 2026

Por André Schaun / Auto Esporte G1

A Neta Auto é a mais nova fabricante chinesa a chegar ao Brasil. E já confirmou o lançamento de três carros elétricos de uma só vez no início do segundo semestre. E, assim como suas conterrâneas BYD e GWM, a empresa também promete produzir veículos no país a partir de 2026.

De acordo com apuração de Autoesporte, um dos locais que está sendo levado muito em consideração é a fábrica da Toyota em Indaiatuba/SP, que vai encerrar suas atividades depois de quase 30 anos em operação e migrar a produção do sedã médio Corolla para Sorocaba, também no interior paulista, em um plano de investimentos de R$ 11 bilhões. Inclusive, a fabricante japonesa já iniciou um plano demissional para fechar a unidade até o final de 2025.

Voltando a falar da Neta, a marca chinesa já confirmou que pretende abrir sua fábrica no Brasil até o início de 2026. Construir uma planta do zero em menos de dois anos parece inviável. Por isso, de acordo com os executivos da marca ouvidos por Autoesporte, ter uma fábrica já montada economiza investimentos e tempo.

“Faz sentido [do ponto de vista estratégico] uma fábrica no estado de São Paulo e que já esteja pronta. Portanto, existe esse estudo [sobre a possível compra de Indaiatuba]”, afirmou Henrique Sampaio, diretor de Marketing e Produto da Neta no Brasil.

Inicialmente, o regime deve ser o Completely Knocked Down (CKD), que basicamente é quando o carro vem com as peças todas separadas e a montagem é feita na fábrica. Por outro lado, como o foco da empresa é em eletrificação, será necessário um período de reestruturação do local para comportar uma linha de montagem diferente da atual.

Planta da Toyota do Brasil em Indaiatuba (Foto: Toyota do Brasil)

A fábrica de Indaiatuba tem 1,5 milhão de metros quadrados de área. A produção do Corolla, por lá, inclui uma versão híbrida flex. Assim, de certo modo, o local tem alguma preparação para carros eletrificados. Entretanto, os modelos da Neta são todos elétricos puros e dispõem de bancos mais robustos de bateria, o que demandaria investimento em adaptações.

Enquanto a empresa chinesa não define onde será seu complexo fabril em solo brasileiro, busca estruturar sua rede de concessionárias no Brasil e fazer um grande centro de distribuição de peças em São Paulo para iniciar as vendas já em 2024, com produtos importados.

“O Brasil é muito importante para o mercado de carros elétricos. Portanto, terá um centro de distribuição de peça e oficinas especializadas por aqui. Neste início de operação será em São Paulo. Já a fábrica precisa estar em um local que atenda as demandas logísticas de mercado da marca”, afirma Wilson Sun, presidente da Neta Auto e vice-presidente executivo do departamento de negócios internacionais.

Cabe dizer que a Neta já tem três fábricas em operação pelo mundo. A primeira foi aberta na China e, posteriormente, na Tailândia e Indonésia. Para os próximos anos, o plano é abrir plantas em mais três países: Brasil, México e Malásia.

Executivos da companhia ressaltam que a fábrica do Brasil será muito importante para a estratégia da empresa, pois os carros produzidos aqui serão vendidos em vários países da América do Sul — que terá uma grande ofensiva da marca nos próximos anos. Assim como no nosso mercado, o Chile também terá seus primeiros lançamentos já no início do segundo semestre.

Três lançamentos confirmados

NETA GT é esportivo da marca chinesa com até 462 cv de potência (Foto: Divulgação)

Fundada em 2019, a Neta é uma submarca da Hozon Auto, fabricante com foco em carros elétricos. Ao todo, são sete veículos em seu portfólio e três deles chegarão ao Brasil entre julho e agosto. Um deles é o esportivo Neta GT, já registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no ano passado e que foi o modelo escolhido para simbolizar a chegada da marca ao Brasil durante o evento de apresentação. O modelo é um cupê de quatro lugares que rivaliza com o Tesla Model 3 no mercado chinês. São duas opções de baterias: 64 kWh e 74 kWh de capacidade, entregando entre 550 km e 650 km de autonomia no ciclo chinês WLTC. Pelo Inmetro, certamente esses números serão mais baixos. Já a potência varia entre 231 cv e 462 cv, dependendo da versão.

NETA X é SUV menor e está no radar da Neta para o Brasil (Foto: Divulgação)

Outro modelo que está no radar para o Brasil é Neta L, SUV de porte médio com 4,77 metros de comprimento e 2,81 m de entre-eixos. Com a bateria de 30,6 kWh mais um tanque de 50 litros, o alcance do Neta L é calculado em 1.070 km. Há uma versão elétrica, com bateria de 68,1 kWh, capaz de rodar 460 km pelo WLTC.

A Neta tem em sua gama outros dois SUVs menores, o X e o Aya — este quase certo para o Brasil —, bem como o sedã S. Todos elétricos.

O Aya é o carro de entrada da marca e deve custar na faixa dos R$ 150 mil e R$ 200 mil para brigar com o BYD Dolphin. Sua opção mais básica tem apenas um motor elétrico de 54 cv e 11,2 kgfm, já a autonomia é de 318 km (CLTC). Na opção topo de linha os números são melhores: 95 cv, 15,3 kgfm e 401 km. As respectivas baterias são de 35 e 55 kWh.

Mais informações sobre o início das operações e vendas da Neta no mercado brasileiro devem ser relevadas até o final do primeiro semestre.

 

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